O que fazemos quando não vemos nada?
Ouvia apenas um leve sussuro do vento. Senti-o a bater de mansinho nas minhas costas nuas e a despentear-me suavemente o cabelo.
Sentia o Sol a tentar romper por aquelas nuvens escuras. A rocha onde me encontrava ameaçava despedaçar-se. O mar bravo lá em baixo fazia ouvir-se e rimbombava contra as rochas e as praias longínquas.
Era um daqueles dias em que se vê a Lua nas horas mais inesperadas. Brilhava difusamente no céu escuro.
Não sei quanto tempo se passou. Sei que o mar não acalmou. A rocha não caiu. O Sol não apareceu. Choveu, ou talvez tivesse imaginado. O vento secara-me completamente, eliminando quaisquer provas. As estrelas reluziam ao longe, algumas cobertas por densas nuvens.
A rocha tinha apenas uma pequena área ainda seca. O seu caminho de volta à praia estava submerso. A água dava-me pelos joelhos, molhando-me a barriga e as roupas na passagem das ondas.

Não apareceste. Nunca apareceste.
Eu esperei por ti.
As estrelas viram. As estrelas sabem sempre tudo.
SM** Cappuccino