18 de Junho de 2009
Cheguei a uma ilha no meio do Atlântico. O sol está a pôr-se e o céu adquire um tonalidade laranja com laivos de vermelho. As nuvens em volta, rosas e roxas, completam a paisagem.
Não posso voltar a Vig depois do aviso do Pai. Agora posso apenas sonhar com os altos edifícios, o céu cinzento, os vizinhos, as lojas do centro. Tudo tão diferente desta aldeia onde me encontro agora. Não posso mais tornar a ver os cais onde cresci, e as minhas memórias são cada vez mais difusas. Terei de me contentar com a vida de marinheiro.
Será que estou realmente a cumprir o meu sonho? Não sou esperado em parte alguma, sou apenas mais uma cara que passa, que vai e não volta. Ninguém sabe quem sou, de onde venho ou para onde vou. Às vezes, nem eu sei.
Viajei por meio mundo, conheci novas terras. Enfrentei novos perigos, provei a doce tapioca e a amarga canela, senti o cheiro da relva, dos animais e da terra, inalei o fumo das fábricas. Vivo a vida com que sempre sonhei. Sou marinheiro e, em breve, serei capitão.
Mas valeu a pena? Deixar a minha família, abandoná-los e saber que nunca poderei regressar? Será que este sonho é assim tão importante que tem o direito de destruir o resto da minha vida?
Será que o Amanhã não vai ser sempre igual a hoje?
SM**Cappuccino
4 comentários:
Como parábola é uma maravilha! (A foto é muito bem escolhida!) Também já provei a doce tapioca e a amarga canela, mas os dias não têm que ser sempre iguais. Em sonho, na vida real ou na imaginação. Gostei muito do texto. Parabéns!
Histórias da Terra e do Mar?
Boa inspiração Sofia, é dos meus favoritos.
Será que precisas que o amanhã seja sempre igual a hoje?
Beijinhos*
Adorei como sempre. Um sonho por mais forte e poderoso que seja precisa de alguém que apoie o sonhador, acho eu... Ao abandonar todos os que o amam o marinheiro perdeu uma parte do sonho
I always inspired by you, your opinion and attitude, again, thanks for this nice post.
- Norman
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