terça-feira, 31 de março de 2009

Linhas tristes e tortas

Perguntaram-me porque só escrevia quando estava triste.
Perguntei-me se a felicidade é tão escassa que teria medo de a transpôr para o papel.
Mas descobri uma coisa: não consigo de forma alguma descrever um estado de total e pura felicidade em verso ou apenas linhas.
Já a dor, a angústia, a saudade resumem-se a duas ou três estrofes. E todos saberão o que sinto.
Aprendi que a felicidade e o amor são sentimentos tão grandiosos que são impossíveis de exprimir mas, pelo contrário, a dor é tão caprichosa que se faz manifestar até na escrita.
Porque a dor é isso mesmo: um capricho.

P.S.: Porque não escrevo quando estou feliz?
Digamos apenas que quando estou feliz gosto de andar a dançar e a cantar músicas que só eu oiço pela rua, mesmo debaixo da chuva, gosto de sorrir e ajudar os outros, não perco tempo a escrever no blog.



SM**Cappuccino

Para a Raquel e para ti (tu sabes quem és)

Hope(less)

Olho para o Mundo
Sabendo que nada é o que parece.
Passo por ruas e falsidade,
Por bairros de vaidade.
Olho para o Mundo
Incapaz de me contentar.
Olho para o Mundo
Esperando descobrir um jardim
Onde a Esperança seja real.


SM**Cappuccino

segunda-feira, 30 de março de 2009

Hoje vou mudar

O céu azul apaixona-me,
O sol radiante ilumina-me,
As suaves ondas do Tejo chamam-me.
Os verdes campos da minha janela são regados,
Uma andorinha faz o seu ninho.

Hoje não vou tentar ser nada:
Não vou usar máscaras,
Não vou ser controlada.
Hoje vou ouvir música e dançar,
Hoje vou cantar e sorrir.
Hoje vou ser aquilo que sempre fui.

SM**Cappuccino


"Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: Sou poeta"!

Cecília Meireles

sábado, 28 de março de 2009

Vida


Eles sorriram e viraram as costas.
Passavam por um mundo destruído,
Um mundo de guerra e balas,
Um mundo de roubos e bombas.
Um mundo onde o tempo é infinito
Na injustiça a que muitos chamam VIDA.

SM** Cappuccino

quinta-feira, 26 de março de 2009

Innocence

Inocente como só tu sabes ser;
Voaste, caíste, vieste ter comigo.
Ajudei-te e tu ajudaste-me,
Vivíamos lado a lado
Sem nos preocuparmos,
Envoltos numa leve neblina rosa.
Jurámos e prometemos,
Conquistámos e sonhámos,
Envoltos em tanta inocência
Que até parecia verdade;
Envoltos em tanta inocência
Que nunca ninguém desconfiou
Dos nossos Segredos.


SM** Cappuccino

terça-feira, 17 de março de 2009

O Segredo da Felicidade

Há muito tempo, em uma terra muito distante, havia um jovem rapaz, filho de um rico mercador, que buscava obstinadamente o segredo da felicidade.

Já havia viajado por muitos reinos, falado com muitos sábios, sem, no entanto, desvendar tal questão.

Um dia, após longa viagem pelo deserto, chegou a um belo castelo no alto de uma montanha.
Lá vivia um sábio, que o rapaz ansiava conhecer.

Ao entrar em uma sala, viu uma atividade intensa. Mercadores entravam e saíam, pessoas conversavam pelos cantos, uma pequena orquestra tocava melodias suaves.
De longe ele avistou o sábio, que conversava calmamente com todos os que o buscavam.
O jovem precisou esperar duas horas até chegar sua vez de ser atendido.

O sábio ouviu-o com atenção, mas lhe disse com serenidade que naquele momento não poderia explicar-lhe qual era o segredo da felicidade.

Sugeriu que o rapaz desse um passeio pelo palácio e voltasse dali a duas horas.

"Entretanto, quero pedir-lhe um favor." – completou o sábio, entregando-lhe uma colher de chá, na qual pingou duas gotas de óleo.
"Enquanto estiver caminhando, carregue essa colher sem deixar o óleo derramar."

O rapaz pôs-se a subir e a descer as escadarias do palácio, mantendo sempre os olhos fixos na colher.

Ao fim de duas horas, retornou à presença do sábio.

"E então?" – perguntou o sábio – "você viu as tapeçarias da pérsia que estão na sala de jantar?
Viu o jardim que levou dez anos para ser cultivado?
Reparou nos belos pergaminhos de minha biblioteca?"

O rapaz, envergonhado, confessou não ter visto nada.
Sua única preocupação havia sido não derramar as gotas de óleo que o sábio lhe havia confiado.

"Pois então volte e tente perceber as belezas que adornam minha casa." – disse-lhe o sábio.

Já mais tranquilo, o rapaz pegou a colher com as duas gotas de óleo e voltou a percorrer o palácio, dessa vez reparando em todas as obras de arte.
Viu os jardins, as montanhas ao redor, a delicadeza das flores, atentando a todos os detalhes possíveis.

De volta à presença do sábio, relatou pormenorizadamente tudo o que vira.

"E onde estão as duas gotas de óleo que lhe confiei?" – perguntou o sábio.

Olhando para a colher, o rapaz percebeu que as havia derramado.

"Pois este, meu rapaz, é o único conselho que tenho para lhe dar: – disse o sábio – o segredo da felicidade está em saber admirar as maravilhas do mundo, sem nunca esquecer das duas gotas de óleo na colher."


(Não sei o autor)

quinta-feira, 12 de março de 2009

Sonho



Sonho ao Sol e sonho à Chuva,
Sonho por quem não pode,
Sonho por mim.
Alegre, triste, vejo e revejo todos os passos dados
Descubro, alcanço, desespero,
Construo, destruo, reconstruo:
Ser artista é ser assim.

SM*Cappuccino

quarta-feira, 11 de março de 2009

Para o meu Pai



Prendeste-me a ti
Com as vãs memórias
Da nossa breve existência.
Foste tu e só Tu:
Ensinaste-me a ver o Sol através da tempestade,
O arco-íris depois do temporal;
Ensinaste-me a amar e a ver violinos na lama;
Ensinaste-me a ser mais e melhor.
Perdoaste todos os erros,
todas as palavras mal ditas;
Deixaste-te sempre ficar a meu lado
Com o teu sorriso perdido.

Obrigada por fazeres de mim aquilo que sou hoje.

SM*Cappuccino

Poderei?

Sinto cada vez mais um abandono,
Um sentimento de Ser ou não Ser.
Sinto que não posso alcançar,
Sei que não posso mais.
Por mais que me esforce,
Por mais que dê de mim,
Por mais que desespere.
Hoje aprendi:
Não posso ser mais do que sou.

SM*Cappuccino

terça-feira, 10 de março de 2009

Alive?


"Digam que foi mentira, que não sou ninguém,
que atravesso apenas ruas da cidade abandonada,
fechada como boca onde não encontro nada:
não encontro respostas para tudo o que pergunto
nem na verdade pergunto coisas por aí além.
Eu não vivi ali em tempo algum."


Ruy Belo