sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Do outro lado

Gosto da tua pulseira.
Gosto dos pequenos berloques e do significado que lhes dás.
Gosto de te ver passar os dedos por ele, inconscientemente.
Sabes? Ficas, assim como assim, vulnerável. Exposta ao mundo, abres uma pequena fresta para que eu possa entrar nesse teu estranho e distinto mundo. Mas eu faço sempre demasiado barulho. Uma perturbação na tua lógica detalhada. Um corpo estranho no meio da tua desordenação conhecida. Um fragmento num local onde já existe um todo. E então olhas para mim, com esses teus grandes olhos, fechas a muralha, entras no meu mundo. Nunca pedes autorização, basta-te um olhar para o conseguir.
Mas, sabes? Mesmo que conseguisses, nunca te impediria de entrar. Um pouco de conforto por entre a revolta. um pouco de calma na minha tempestade. Um pouco de calor nesta manhã gelada.
Uma pequena âncora a que me agarrar.


SM**

domingo, 16 de janeiro de 2011

Writings

O meu único problema é ficar pela escrita inacabada.
Frases a meio, discursos interrompidos, pensamentos sumidos.
Não deixo as personagens terem um fim, pelo contrário, vagueiam sem fim no ínicio de poema que para elas criei.
Não deixo que os versos façam sentido, sem terem uma pequena estrefe que explica tudo, que os completa até ao mais ínfimo pormenor.
Não deixo que o vento me apague as palavras que quero dizer, guardo-as apenas num canto da minha memória, à espera de as desenterrar para quando tiver tempo para as ouvir.

Sim, porque as palavras falam por si. E, normalmente, dizem muito mais do que o significado que vêm no dicionário. Não acreditam?
Dourado. Dourado lembra-me tardes infinitas a correr na praia, desfazendo ondas, refazendo tranças, admirando o pôr do sol.
Chocolate. Chocolate traz-me memórias de fins de dia na cozinha, rodeada de farinha e gargalhadas, a descobrir as maravilhas do forno.
Sobrancelha. É a minha palavra preferida. Se a disserem como eu a digo podem ouvi-la a flutuar no ar, a pairar à nossa frente, delicamente, à espera que olhemos para ela, que a entendamos.

Portanto, sim isto tem estado abandonado. E cheio de teias de aranha. Mas a verdade é esta: o que tenho escrito, porque tenho imaginado imenso, não pode ser colocado aqui. Por preferência minha.

SM**Cappuccino
P.S.: esta "autora" não segue (e recusar-se-á a seguir) o novo acordo ortográfico. É aCto e não ato. Ato é do verbo atar, como "eu ato os atacadores". E ponto final.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Letter to the forgotten

Minha pequenina:
Sempre a sorrir
Com um manto de caracóis feitos do mais puro chocolate negro,
Com um toque de baunilha e caramelo,
Um cheiro a canela e reflexos de cerejas de verão.

Não lhes ligues.
Não ligues a ninguém,
Continua a desbravar caminhos e a encontrar percursos escondidos.
Continua a enterrar os pés na areia morna e a passear pela água gelada,
Como sempre soubeste fazer.

Mostra-lhes o teu sorriso de pôr-do-sol,
Olha-os com os teus olhos de infância jamais esquecida
E continua.
Continua por esse mundo de estilhaços, intocável, dentro da tua bola feita de sonhos,
Envolta numa atmosfera por ti criada.
Nunca esqueças o que és e sempre fostes. Nunca.

Porque tu... Tu és aquilo que eu me esqueço sempre de ser.


SM**Cappuccino
E sim, eu sei que o blog tem estado completamente abandonado, mas.......