domingo, 17 de abril de 2011

With lots of strings

Tenho demasiadas cordas. Demasiadas cordas, exactamente.
Cordas feitas de aço que me prendem a respiração, sem me prenderem realmente a sítio nenhum.
Murmúrios e lamúrios inconsistentes aos meus ouvidos. Grilhões sem sentido, consciências refinadas no exímio poder manipulador.
Mas posso-as apenas ouvir. Nada dizem, nada significam, não interessam. Não se interessam.

Basta, chega.
Quero voltar a sentir, a sentir-me livre, a sentir as palavras a ressoar no ar, flutuando docemente enquanto são proferidas, as linhas escritas a desvanecerem nos pensamentos, a música a tocar ao longe, ecoando dentro de mim, batendo ao mesmo ritmo que o meu coração (ou será ao contrário? não, sei, já perdi toda a noção).
A realidade escapa-me por entre os dedos e não a consigo agarrar. Demasiado líquida, demasiado escorregadia e básica, já não chega para me contentar. Demasiado irreal para existir neste mundo.

E, no entanto, há uma voz ao fundo. Muito ténue, muito suave. Mal a oiço. Não ressoa, não soa. Apenas a sinto, um arrepio pelo braço acima, um sussuro doce na orelha. Um abraço conhecido, um brincar com os cabelos, um olhar compreendido. Pensamentos partilhados. Uma realidade demasiado irreal substituída por uma verdade que já conheço de cor mas que, no entanto, cada dia descubro. Um novo sorriso, um cabelo desalinhado.
Portanto sim, com montes de cordas. Cordas cortadas e atiradas ao chão, pisadas e esquecidas. E uma nova realidade, construída a partir de pedaços de emoções puras, pintada com gestos. Não, não me escapa sem parar por estes dedos que seguras. Não, está segura dentro do meu coração.

Como devia ter estado sempre.


SM**Cap

1 comentário:

Anónimo disse...

A vida é assim mesmo por isso é tão boa, temos que descobrir sempre novas formas de a conquistar porque só assim é que lhe podemos dar valor.