quarta-feira, 29 de julho de 2009

Moony Day

O que fazemos?
O que fazemos quando não vemos nada?
Ouvia apenas um leve sussuro do vento. Senti-o a bater de mansinho nas minhas costas nuas e a despentear-me suavemente o cabelo.
Sentia o Sol a tentar romper por aquelas nuvens escuras. A rocha onde me encontrava ameaçava despedaçar-se. O mar bravo lá em baixo fazia ouvir-se e rimbombava contra as rochas e as praias longínquas.
Era um daqueles dias em que se vê a Lua nas horas mais inesperadas. Brilhava difusamente no céu escuro.
Não sei quanto tempo se passou. Sei que o mar não acalmou. A rocha não caiu. O Sol não apareceu. Choveu, ou talvez tivesse imaginado. O vento secara-me completamente, eliminando quaisquer provas. As estrelas reluziam ao longe, algumas cobertas por densas nuvens.
A rocha tinha apenas uma pequena área ainda seca. O seu caminho de volta à praia estava submerso. A água dava-me pelos joelhos, molhando-me a barriga e as roupas na passagem das ondas.


Não apareceste. Nunca apareceste.
Eu esperei por ti.
As estrelas viram. As estrelas sabem sempre tudo.

SM** Cappuccino

domingo, 26 de julho de 2009

Um dia que não lembra a ninguém!

Foi a expressão de hoje. Demasiado bom: não lembra a ninguém. Mau, ensurdecedor, horrível, pestilento: não lembra a ninguém.
Começou logo de manhã com a ideia de pintar os olhos com 4 cores, como um arco-íris. Ficou muita louco (sem lembrar a ninguém!) e resolvi passar o resto do dia assim. Fomos de autocarro até à Praça do Comércio, e apanhámos um motorista que não lembra a ninguém, sempre a tagarelar connosco e sempre com uma piada na ponta da língua (e em cada curva!). Fomos almoçar já meio atrasadas e apareceu uma daquelas bandas da baixa com uma música que não lembra a ninguém (pelo mau :S).
Lá fomos nós dar um grande passeio pela baixa para sabermos tudo sobre o terramoto e os projectos pombalinos, e foi um passeio que não lembra a ninguém. Divertido, sempre à sombra (que o sol às 2 da tarde queima como não lembra a ninguém!) e a encontrarmos igrejas onde nunca tinhamos visto nenhuma e a descobrir que as estátuas afinal tinham um significado (que não lembram mesmo a ninguém).
Enfim, depois de muitas conversas, tagarelices, curiosidades, risotas e tontices que não lembram a ninguém lá voltámos para casa.

And they say that Crazy days don't exist...

SM**Cappuccino

(Infelizmente a máquina fotográfica não deve ter gostado da ideia de sair para o calor da rua e recusou-se a trabalhar, tendo mesmo sido declarada como avariada - tinha bateria, isso eu vi - por isso não tenho fotografias :S)

sábado, 25 de julho de 2009

Selinhos


Muito obrigada à Sandie (http://s-de-sabedoria.blogspot.com/)

E claro que também tem regras...
Ora bem, tenho que publicar o link do Cupcake and Rockn'Roll (http://cupcakerock.blogspot.com/)
Tenho que dizer qual é o meu doce preferido: tudo o que leve chocolate e não seja muito doce, como gelados (ai os geladinhos da preça de São Marco...), bolos de chocolate que sabem mesmo só a chocolate e barras de chocolate, de preferência negro :D
E agora a minha música preferida... São tantas... Talvez a "Dona Canô" da Daniela Mercury, é uma das que ando a ouvir mais. Mas as outras não ficam esquecidas!

E agora 4 blogs a quem passar o selinho... Em vez de 4 são os meus seguidores e leitores desconhecidos.

Beijinhos e obrigada Sandie!

Há pessoas assim

Há pessoas que nos desiludem.
Há pessoas que nos desiludem e pronto.
Viram as costas e esperam que reconstruamos a parte do muro que elas, propositadamente, construíram mal enquanto ninguém as estava a ver.
Há pessoas assim.

Depois há aquelas que não se mexem para nada a não ser que lhes traga algum benefício. Se uma parte do muro caíu, elas viram as costas e fingem que não vêem.
Enfim, há pessoas assim.

Há ainda pessoas que criticam todo e qualquer trabalho que os outros façam mas que se recusam a ouvir críticas.
Se lhes dizemos que a casa era para ser azul e ela a pintou de rosa, ficam furiosas e dizem que na parede que nós pintámos estão pegadas de uma mosca que por lá passou.
Não se pode fazer nada, há pessoas assim.

E depois há aquelas pessoas que, se vêem um pontinho de tristeza muito pequenino no nosso sorriso (forçado), nos sorriem e nos tentam animar com as mais extravagantes ideias e loucuras.
Aquelas pessoas que alugam o nosso filme preferido (mesmo que já estejam fartas dele) só para nos verem sorrir.
Aquelas pessoas que nos dizem que estamos giras quando estamos num mau dia.
Aquelas pessoas que não querem saber se o nosso cabelo está todo espetado ou liso quando é encaracolado e nos dizem que cheira a amoras ou lá ao que é. Mas que é bom.
Aquelas pessoas que põem um sorriso só por nos verem e vêm a correr pelo centro comercial/esplanada/ parque chocando com pessoas/cadeiras e mesas/skates, patins e bicicletas só para nos abraçar.
Aquelas pessoas que simplesmente estão lá sempre e nos ajudam a seguir em frente.
Como a bengala do House (esta é para as da turma B :P), mas muito melhores.

Felizmente, ainda há pessoas assim. E eu conheço um monte delas. Talvez chegue para esquecer, temporariamente, as outras. Talvez chegue para alegrar um dia, ou mesmo um mês. Não sei.
Mas eu gosto muito delas todas!

SM**Cappuccino
Obrigada a todas as pessoas que estão sempre lá. E às que fizeram o favor de "tirar o pó" ao meu coração (LY). E às pessoas especiais.
(E às com paciência para me aturarem, a mim e às minhas pequenas grandes divagações aqui do blog.)

terça-feira, 21 de julho de 2009

Um céu de Criança


Sentia uma aragem sobre o meu corpo quente.
Ouvia as conversas dos que, muito atarefados por tudo e por nada, estendiam as toalhas à minha volta.
O Sol radiante e Rei do Céu aquecia quem se dignasse a parar por dois segundos. Aquecia-me.
Espreitei, meio ensonada, e vi pequenos traços incertos, destemidos no meio do azul.
Traços leves, perfeitos, de quem manda no mundo sem o saber.
Abri os olhos e vi um magnífico céu todo traçado, paracia o desenho de uma criança.
Tão puro, tão inocente, tão verdadeiro.
As nuvens tinham todas as formas sem terem forma nenhuma. Fiquei a contemplar este pequeno tesouro, só a imaginar, só a sonhar.
Sonhei com histórias impossíveis e longíquas, reais e ao meu lado, sonhei até não ter mais nada para sonhar.


Por vezes, basta um céu pintado para voltarmos a ser Crianças.
Obrigada à criança que pintou o céu de Hoje.


SM**Cappuccino
(fotografia tirada com o meu telemóvel)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Nem sei

Não sei bem.
Juro que não.

Andava por aí a passar e resolvi apanhar uma planta esquisita. Bonita, colorida. Como uma Estrelícia. Ainda melhor. Simples, única, livre, a reinar no seu próprio mundinho.
Apanhei ainda umas quantas folhas coloridas e teimosas.
Cheguei a casa e juntei tudo numa bela duma infusão. Fiquei com uma chá meio alaranjado que servi na minha caneca preferida.
Peguei numa obra de alguém que ando a ler ou nem por isso. Telefonei a toda a gente ou só a alguém especial. Conversamos durante horas sem dizer nada, só ouvindo a respiração calma um do outro. Contamos as nossas maiores tropelias só com recordações.
Fomos até ao café (e sim, eu levei o meu cházinho, mais uma chávena para ele) e rimos. De quê? Nem sei.


SM**Cappuccino

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Eyes Wide Shut


Close your eyes and come with me.
We will dive in the deepest seas.
Close your eyes and let me feel the world.
Pretend that we are the only ones.
Act like you don't care.

Close your eyes and feel.
It's our life and it's real.
We are made of Dreams
And Dreams are made of Stars.

And you know, you do know
There´s not a Star that we haven't seen.
There's not a Star we can't see in the Ocean.

So just close your eyes, and rest in the gentle waves of life.

SM**Cappuccino

domingo, 12 de julho de 2009

'Till the stars

Voa.
Voa serena pela noite dentro.
Não pares nos altos edíficios.
Não respires o fumo das chaminés.
Não olhes para os rios contaminados.
Não olhes para as lágrimas da Terra.
Não choques com os aviões, não te aproximes dos helicópteros.

Voa.
Voa serena pela noite dentro.
Vai em paz até às estrelas.
Escolhe um cantinho para ser só teu e lá morares.
Escolhe uma estrela bonita e cintilante, longe da Terra.
Eras e ainda és pequena, ainda não tens culpa do mal que fizemos e fazemos.
A tua inocência ainda é uma razão válida.

Voa serena pela noite dentro.
Não pares nas nuvens.
Não fiques a ver a aurora.
Segue sempre em frente até à tua estrela.
Ela já lá está à tua espera.
Não voltes.
Não quero que vejas o teu pequeno mundo arruinado.

Voa pequenina. Eu fico aqui a ver-te.


SM**Cappuccino

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Bate Toca

Bate na tecla.
Bate toca, bate toca, bate bate gira e toca.
Bate na tecla, toca no chão, dança.
Bate suavemente na tecla do velho piano mudo,
à espera que ele desperte do seu sono sem fim.
Bate toca, bate toca.
Toca no chão, levemente, tão levemente que parece voar.
Toca no chão, apenas para me acompanhar.
Bate bate gira e toca.
Rodopia, um volta graciosa e leve melodia.
Pára, o público aplaude.
A bailarina fica só no seu pequeno palco.
Só no seu pequeno mundo.
Apesar de toda a gente a ver, ela não vê ninguém.
Ninguém a conhece, ninguém sabe a sua vida.
Ela é apenas uma diversão.

Uma ilusão colorida que se desfaz pouco a pouco neste mundo manchado de trevas.

SM**Cappuccino

domingo, 5 de julho de 2009

Selinhos

Antes de mais: Um enorme obrigada à Raquel .
O primeiro Selo :



Regras:
1-Publicar a imagem do selo e identificar a amiga que o deu (obrigada outra vez :D);
2- Escolher 5 situações da tua vida, que mereciam ser repetidas em câmara-lenta ;
3- Passar o desafio a outros blogs e avisá-los ;


As minhas 5 situações (vai ser díficil, a minha vida devia de ser passada naquele programa da camâra SUPER lenta):

1-O último dia de aulas deste ano. Todas as pequenas lágrimas de saudade, antecipação ou alegria. Todas as promessas que ficaram fechadas bem dentro do coração.
2-Todos os sorrisos sinceros.
3-Todos os momentos em que praticámos (especialmente para a Sara) o puro desporto de Viver a Vida a 100%.
4-Os dias passados no parque com a Joana, a Carolina e todas as outras (e outros!)
5-Os dias passados com a Rita: o nosso bolo plasticina (don't ask), a praia, as nossas avarias.
(6-Veneza, praça de São Marcos... e as três noites lá passadas... Nem a chuva nos impediu! Ai aqueles gelados...)


Os ditos premiados:
-KIMPORTA (http://nafaixerrada.blogspot.com/)
-Raquel (http://osmacaquinhosdomeusotao.blog.sapo.pt/)
-Sofia Carvalho (http://sofiaomeumundo.blogspot.com/ )
-SEK (http://palavraapalavra-sek.blogspot.com/)
-Sandra (http://s-de-sabedoria.blogspot.com/)
-SM*L (http://queijo-derretido.blogspot.com/)
-Catarina (http://descobreaspalavras.blogspot.com/)
-Senhor das Chaves (http://osenhordaschaves.blogspot.com/)


O segundo selo:

Regras:
1. Exiba a imagem do prémio (prémio vai ser quando eu ganhar o Euromilhões!);
2. Poste o link do blog que o premiou;
3. Indique blogs para fazerem parte do "Manifesto Jovens que Pensam";
4. Avise os indicados;
5. Publique as regras.


Obrigada!

SM**Cappuccino

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Terra remota


Caminhou pelo velho pontão de madeira. Podia sentir os seus buracos e tábuas soltas. Roçavam-lhe as ervas nas pernas nuas enquanto os pés continuavam o seu caminho, já tão conhecido. Uma brisa nórdica bateu-lhe de mansinho na cara.
Os pés descalços tocaram na areia suave e fria da manhã. Continuou a andar, sem rumo, sempre em frente, com os pés a ensinar-lhe o caminho. Levava os olhos fechados, queria sentir o mundo, ao invés de o ver. Um pé bateu num ramo oco, duro e áspero. Deixou-o para trás, prostrado na areia solta.
Sentiu a areia ficar mais compacta, mais fria. Um toque breve na água chegou para a arrepiar totalmente. Podia apenas imaginar a brancura da espuma da onda que a saudou vigorosamente, molhando os seus joelhos.
Admirou-se por não ter encontrado nenhuma toalha macia no caminho. Abriu os olhos para comtemplar o mundo, como se fosse a primeira vez. Ao longe formava-se uma nuvem negra e algumas pérolas cinza caíram na sua cabeça. A praia estava deserta e destruída. O café tinha sido destruído num incêndio. O mar revoltado parecia querer virar todos os barcos que nele passassem.
Uma gota diferente caiu na areia branca.Límpida e quente. Uma lágrima humana.

Ela voltou para trás, deixando que os pés a guiassem, pois sabia que o seu coração não reconhecia aquele lugar como a primeira terra que alguma vez conhecera.


SM**Cappuccino