Um passo, dois passos.
Piso a areia, fecho os olhos, estou farta de olhar. Farta de ver.
Sinto apenas.
A areia está quente e seca, sinto as suas fendas debaixo dos meus pés, a colapsarem a cada passo.
Quantas vidas não colapsam por cada passo que damos, e continuamos, nem as sentimos.
Eu hoje senti.
Um passo, três passos.
Chego à areia fria, molhada.
Uma onda vem-me dizer bom dia, molha-me os pés, traz-me uma alga para companhia.
Avanço, uma força gelada embate contra os meus joelhos.
Sento-me na areia, meio dentro de água, a levar com o Sol na cara.
Quantas vezes não nos lembramos de apreciar estes momentos, de sentir estes pequenos contrastes?
Mas eu hoje senti-os.
Um passo, cinco passos.
Estou nas rochas, os mexilhões a picarem-me e a cortarem-me os pés.
Os ouriços, nas poças pouco profundas assustam-se, têm medo que os pise (como fiz o verão passado).
Quantas coisas não pisamos para ficar com o melhor?
E quantas vezes não os culpamos a eles, pisados e feridos, sem os tentar sentir?
Porque dói, eu sei que sim. Às duas partes.
Eu hoje senti isso.
Se abrir os olhos, torna-se tudo demasiado real, tudo demasiado visto e não sentido.
Talvez ponha uma venda, talvez os abra.
Desde que sinta.
SM**Cappuccino
(com saudades da praia e dos mexilhões e dos pobres ouriços)
5 comentários:
Ohh *-*
Desde que sintas, tanto vale andares de olhos abertos ou fechados, desde que nunca deixes de sentir...
Como sempre lindo poema Sofia;)Beijinhos e boa páscoa
*.* tão bonito!!
Promoção de Páscoa.
Dá uma espreitadela.
Uma feliz Páscoa.
beijinho
Pedaços de Cor
nunca hei-de. :)
beijinho
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